De alma ferida observo

OLYMPUS DIGITAL CAMERAPonderei sériamente se deveria ou não falar sobre este assunto… sinto-me demasiado exausta do que se passou neste verão para puder pensar com sensatez sobre culpados, causas… tremo quando penso nos efeitos… devastadores… nefastos… traumáticos.

Mas mesmo no meio da minha dor calada não posso deixar de me sentir envergonhada pelo que vejo e ouço nas redes sociais e meios de comunicação.

Culpas atiradas de um lado para o outro simuladas num velhaco sacudir do capote que pela primeira vez me faz ter vergonha de ser portuguesa.

Eu, imigrante desde nova, defensora do meu país e dos meus, a caminho de entrar nos entas sinto-me envergonhada de dizer que sou portuguesa.

Nestes meses de inferno quente o meu país sofreu, sofreu a devastidão de um mal perverso ocultado pelas destruição das chamas devoradoras que de supostamente tão normais já deveríamos estar habituados… pelo menos é o que dizem… que nos devemos habituar… que não devemos esperar que os bombeiros do meu país sejam herois… não são meus senhores, são super herois sem capa mas de alma pulsante que durante estes meses beijaram os seus sem saber se os iriam voltar a ver para salvar população atrás de população humana ou não, numa luta perdida a partida e como super herois que são irão inevitavelmente ser esquecidos assim que o frio chegar.

Culpam o partido que antecedeu, a inactividade dos militares… a culpa do São Pedro vai na volta por não ter chovido como deveria… desculpam-se com a crise e o acaso… com a facilidade inumana de quem sabe que esta noite terá o tecto sobre a sua cabeça e irá poder dizer até amanhã aos seus.

Muitos meus senhores este natal não terão os seus para se despedir… avôs perderam os netos, pais perderam os filhos, maridos as esposas…. o tecto sobre a sua cabeça… a sua horta, os seus animais que eram o seu sustento neste país que se esqueceu do interior… dos velhos que se mantém presos as suas raizes.

Meus senhores que acusam tão levianemente, desde o 25 Abril que o governo se alterna entre dois partidos… um que se esconde numa direita interesseira e o outro que se esconde no “comodismo” de esquerda decadente, mas que onde ambos se classificam como centristas… centristas fajutos de alma podre e vendida que a única coisa com que se preocupa é saber quanto vão roubar e para onde vão ser colocados no tacho que é a tradição deste Portugal iludido de uma liberdade frágil e fajuta. Que acredita que acabou a censura… que o lapiz azul é agora cor-de-rosa…

No caso dos militares, basta terem dois dedos de testa para saber que cumprem ordens e aí, apenas aí aponto o dedo ao nosso PR por não ter puxado dos galões de Comandante Supremo das Forças Armadas e ter ordenado que se juntassem aos seus camaradas… pelo que conheço das nossas tropas fariam com gosto, já que sofreram na pele a inactividade quando actos terroristas devastavam o meu país

Sim acredito que para vocês criticos do sofá, escondidos por detrás do ecrã, actos terroristas apenas incluem, bombas, tiros e raptos… mas um terrorista é muito mais, é alguém que destroi de animo leve a vida de alguém… a força de um pais.

E depois vêm as criticas ao nosso PR, “não deveria ter pedido soluções”, “não deveria ter colocado contra a parede”, “apenas quer desencadear uma crise”, “é o gajo dos abraços”… que vergonha sinto eu do meu povo, que a cada dia que passa mais limitada têm a visão, que se tornou frio e mesquinho, um povo tão conhecido pela sua forma calorosa de ser… fazem-me lembrar crianças mesquinhas que não limpam porque não sujaram… era preciso alguém com os tomates no sitio para assumir o acto criminoso que ocorreu neste verão, alguém que assumisse a sua culpa mas exigisse soluções… não! Não sou a favor da demissão da ministra, não sem antes assumir responsabilidades e averiguar onde existiu a falha real, cometida pelo partido dela ou pelo outro que na realidade é o mesmo… no fundo eles são amigos que dividem tachos.

Envergonha-me… não entristece-me esta inactividade, esta facilidade de apontar o dedo, de se fazer acusações ao invés de se assumir responsabilidades… de se acusar, de se sacudir a água do capote, desta inacapacidade de se pedir desculpa por não se ter tido a capacidade de se cumprir o papel que é nosso apenas porque nos foi dada a confiança de um povo,

Assassinos continuam impunes, soltos para continuar a perpetuar o mal, encomendado por outrém… por uma qualquer entidade maligna que de tão poderosa ninguém sabe ou quer saber quem é.

Mas no fundo ainda consigo ter orgulho em dizer que o meu Presidente é o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, que pode cometer erros, e querer poder… mas não se inibe a pedir desculpa, a prestar homenagem, a estar presente.

Sim eu sei que para os cinicos um abraço vale muito pouco, mas para quem tudo perdeu vale muito… independentemente das vossas opiniões de merda petulante do alto da vossa imaculada vida perfeita.

Namasté _()_

 

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