In hoc mundi insanus

tumblr_static_tumblr_static_filename_640Sim eu sei que não ando fácil… que o meu sarcasmo está do pior… que a paciência é infima.

Sim eu sei que o mundo continua a girar e que nao se concentra no meu umbigo, nunca quis isso… nunca vou querer. A vida nunca foi fácil para mim e sinceramente nem saberia o que fazer se assim fosse.

As coisas são como são e cabe a nós, ou pelo menos a mim aceitar como são… se me custa ver que nós os portugueses nos mantemos neste chove e não molha de falsa modéstia e envergonhada servilidade custa, se posso fazer alguma coisa em relação a isso? Nada. Se isso implica que tenha de seguir o exemplo do meu povo medroso e receoso da grandiosidade que já uma vez teve, nem por isso.

Não é novidade para ninguém a relação amor/ódio que tenho pelos bancos (bancários incluídos), sim é verdade que existem sacanas, filhos de uma grande meretriz do sexo em qualquer lado ou instituição… seja ela bancária ou não… sim é verdade que existe pessoas como deve de ser nesses mesmos locais, mas não é menos verdade que eu tenho o condão de atrair em maior escala esses espécie que qualquer outro ser… não sei se é o meu perfume ou a minha intolerância a idiotas ou mesmo a minha incapacidade para gentinha com a mania de superioridade mas a verdade é que volta meia brotam tipo cogumelos a minha volta e eu nada mais posso fazer que lhes soltar os porcos.

Hoje fui até a CGD para fazer um depósito e assim que entrei pensei seriamente por segundos que tinha entrado numa qualquer repartição de finanças deste nosso país, pela primeira vez nos meus 39, a fazer 40 anos de vida entrei numa instituição bancária e tive de tirar senha para ser atendida ao balcão, fiquei sem saber se quando chegasse a minha altura se pedia um kg de vazia ou se lhes dava o dinheiro para o depósito. Sim verdade que a CGD é um serviço público (ou so they say), mas era preciso levarem isso ao pé da letra? Tirei a senha e sentei-me enquanto baixinho ia entoando um mantra já fazendo uma ideia do que viria a seguir. A forma como a caixeira/balconista/ou o que quer que a criatura seja ali, para com os clientes (sim porque não deixamos de ser clientes que usufrui de um serviço e paga por ele) é surreal, fez me lembrar os filmes que quando as pessoas dizem que estão afónicas os outros falam mais alto e pausadamete… como se o facto de estares afónico te tenha passado um atestado de burrice assolapada, tive sinceramente pena dos velhos que por ali estavam… sorriso vazio…explicações vãs… frete estampado no rosto… e até que a senha 008 foi chamada… era eu… levantei-me e preparei-me para o embate:

CGD: Bom dia
Utena: Bom dia, por favor vinha fazer um depósito. Está aqui é nesta conta deste talão.
CGD: O número de cima ou o de baixo?
U: O de cima têm os 4 primeiros digitos associados ao vosso banco?
CGD: Não…
U: Certo! Então a pergunta era excusada.
CGD: Valor do depósito.
U: X (sempre achei um disparate a pergunta, porque supostamente eles têm de contar, mas mantive a observação para mim)
CGD: O seu BI
U: Desculpe? Mas porque raio tenho de lhe dar o meu BI? Posso facultar o número de contribuinte se quiser.
CGD: Sem BI não há depósito. É assim em qualquer lado.
U: Não trouxe, e não é assim em qualquer lado, é assim aqui!
CGD: Não sei como funcionam os outros Bancos, mas deveriam pedir (tom de voz a elevar) aqui é assim e se não quer não faz!
U: Não sabe mas devia saber, ao menos aprendia a forma correcta de falar, estar e posicionar-se atrás de um balcão. Porque não mo pediu logo e me fez perder tempo? Tenho de voltar agora para ver a sua cara a tarde é isso?

Virei as costas e vim-me embora.

Aqui nem se trata de nos pedirem o CU para fazermos um depósito, aqui trata-se de estarmos tão habituados a dar que nem nos questionamos porque raio têm de saber o que fazemos com o nosso dinheiro. Porque raio temos de ser vigiados ao ponto de um depósito minimo ser registado com os nossos dados fiscais.

Batem tanto no peito com o 25 de Abril e a liberdade… o fim da censura a abolição do lapis azul e nem se apercebem que a PIDE não morreu… só mudou de nome. Continuamos receosos e bem mandados… fazemos o que nos mandam sem bufar e quando bufamos fazemos ao som de Grandola Vila Morena mal cantada acompanhada com uma sandes de courato e uma mini fresca.

Vergonhoso, é vergonhoso um banco público dar prejuizo e ter de ser financiado com os impostos que deveriam ser aplicados na educação quase nula de um país que de tão grandioso passou a mediocre. Pior que isso é saber que muito do que foi angariado a custa de choro e lamachice fácil para os que perderam tudo, foi lá enterrado também.

Mas a nós o que interessa é saber que vai haver greve dos árbitros e que no fim de semana não há jogo. Chega a ser tão ridicula a situação que atravessamos que se não fosse tão grave seria engraçada-

Não acordem e depois digam que vão tarde… no entretanto continuem a mostrar o CU de tão habituados que já estão, mais um bocado menos um bocado não faz diferença nenhuma.

O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for.
Sá Carneiro

Namasté _()_

 

 

2 thoughts on “In hoc mundi insanus

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  1. Só tenho a dizer que os milhões que foram investidos no resgate dessa instituição que ao menos uma parte seja aplicada em como bem servir os utentes. Mas todos os bancos são o que tu disseste, e tambem a mim me causa alergia … bancos, entidades financeiras… os gajos do citibank e do barcklay card que te abordam na rua / centro comercial com cara inquisidora e que quase te obrigam a assinar o papelinho que te vai penhorar a vida ad eternum … já dizia o outro …
    “Trabalhamos na escuridão para servir a luz”
    ❤ Bj

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